Foto: Reprodução/Internet
Com a experiência de ter estudado a realidade do tráfego de várias cidades do mundo como Toronto, no Canadá, e Lisboa, em Portugal, o especialista em trânsito Tenete-coronel Moura conversou com o Trânsito Digital sobre o atual panorama do trânsito do Recife e sobre os principais problemas existentes, além de sugestões para a melhoria do tráfego.
Para ele, campanhas educativas voltadas ao trânsito são importantes: "campanhas de conscientização em massa também são essenciais, através delas poderemos, aos poucos, mudar esse cenário", assegura Moura. Confira a entrevista abaixo.
Como você entende a realidade do trânsito do Recife atualmente?
Recife é uma cidade portuária, e com a chegada da modernização e da globalização não foi dado ênfase à mobilidade e ao transporte público de qualidade, que foram renegados ao segundo plano. Existe o tripé do trânsito: a educação, a engenharia e o esforço legal. Durante décadas nós não tivemos obras de mobilidade, um planejamento urbano. Com relação a fiscalização, nós não temos uma quantidade suficiente de agentes de trânsito no Recife, e só aqui em Pernambuco quatro postos da Polícia Rodoviária Federal foram fechados por falta de contingente. E por fim, o último elemento do tripé é a educação para o trânsito. Países que investiram em educação para o trânsito conseguiram reduzir drasticamente os números da violência envolvendo condutores no trânsito. Para citar um exemplo, nos Estados Unidos, desde 1979 as escolas possuem uma disciplina voltada à educação para o trânsito. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a terceira maior causadora de mortes até 2020 será a violência no trânsito, logo, no meu entendimento, a educação das pessoas é fundamental para tornarmos o trânsito do Recife menos violento.
Na sua opinião qual o principal problema existente no trânsito do Recife?
Uma infração muito comum e a responsável por causar muitos acidentes é o uso de telefone celular ao volante. Nos Estados Unidos essa prática é a principal causa de acidentes, segundo pesquisas, é seis vezes mais perigoso dirigir falando ao celular do que sob a influência de álcool. Eu penso que usar o celular para fazer ligações e mandar mensagens é um dos fatores de maior risco para acidentes envolvendo veículos.
Qual sua opinião sobre o uso do twitter pelos condutores? Pode contribuir?
O problema é que ao usar o telefone para verificar se no twitter tem alguma informação de trânsito que possa ser útil o motorista passa a dirigir com apenas uma mão, o que é errado, além de tirar a atenção e aumentar o risco de acidente, uma atitude que eu reprovo. Já o condutor que usa o twitter – sem estar dirigindo seu carro - e através do advento da internet de poder informar e estar informado em tempo real sobre o trânsito, alertando sobre uma obra na via, por exemplo, cria-se uma rede social mais humana onde as pessoas querem se ajudar para dar mais mobilidade no tráfego, esse é o lado bom do twitter.
Qual sugestão você teria para a melhoria do trânsito?
A base é a educação. Enquanto não houver educação para o trânsito e vontade política para educar a população nós viveremos nesse caos que já está instalado. Campanhas de conscientização em massa também são essenciais, através delas poderemos, aos poucos, mudar esse cenário. Quero ressaltar também que temos que ter uma engenharia de trânsito mais eficiente, é necessário ter pessoas qualificadas à frente do trânsito do Recife, profissionais especialistas no assunto, e o que se vê são medidas equivocadas que a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) vem tomando. A população não está satisfeita com a gestão do trânsito do Recife, isso é fato.
Você conhece a realidade do trânsito de vários países, entre eles França, Estados Unidos, México, Canadá, Portugal. Quais experiências trouxe dessas viagens?
A educação das pessoas realmente impressiona. No Canadá você pisa na faixa de pedestres e os carros param imediatamente, onde você vê isso acontecer no Recife? Em lugar nenhum! Outro ponto que me chamou atenção é a infraestrutura de países como a França, não tem como comparar o metrô de Paris com o daqui, a malha ferroviária é completamente diferente, as pessoas podem se locomover para todos os locais da cidade através do metrô. Desde 1957 os franceses vem investindo em educação para o trânsito, é fácil perceber que há uma diferença cultural absurda se compararmos com o Brasil. Já o México se parece muito com o Brasil, onde o trânsito é bem complicado e desorganizado. Lá também falta educação, e o trânsito é violento.
Para ele, campanhas educativas voltadas ao trânsito são importantes: "campanhas de conscientização em massa também são essenciais, através delas poderemos, aos poucos, mudar esse cenário", assegura Moura. Confira a entrevista abaixo.
Como você entende a realidade do trânsito do Recife atualmente?
Recife é uma cidade portuária, e com a chegada da modernização e da globalização não foi dado ênfase à mobilidade e ao transporte público de qualidade, que foram renegados ao segundo plano. Existe o tripé do trânsito: a educação, a engenharia e o esforço legal. Durante décadas nós não tivemos obras de mobilidade, um planejamento urbano. Com relação a fiscalização, nós não temos uma quantidade suficiente de agentes de trânsito no Recife, e só aqui em Pernambuco quatro postos da Polícia Rodoviária Federal foram fechados por falta de contingente. E por fim, o último elemento do tripé é a educação para o trânsito. Países que investiram em educação para o trânsito conseguiram reduzir drasticamente os números da violência envolvendo condutores no trânsito. Para citar um exemplo, nos Estados Unidos, desde 1979 as escolas possuem uma disciplina voltada à educação para o trânsito. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a terceira maior causadora de mortes até 2020 será a violência no trânsito, logo, no meu entendimento, a educação das pessoas é fundamental para tornarmos o trânsito do Recife menos violento.
Na sua opinião qual o principal problema existente no trânsito do Recife?
Uma infração muito comum e a responsável por causar muitos acidentes é o uso de telefone celular ao volante. Nos Estados Unidos essa prática é a principal causa de acidentes, segundo pesquisas, é seis vezes mais perigoso dirigir falando ao celular do que sob a influência de álcool. Eu penso que usar o celular para fazer ligações e mandar mensagens é um dos fatores de maior risco para acidentes envolvendo veículos.
Qual sua opinião sobre o uso do twitter pelos condutores? Pode contribuir?
O problema é que ao usar o telefone para verificar se no twitter tem alguma informação de trânsito que possa ser útil o motorista passa a dirigir com apenas uma mão, o que é errado, além de tirar a atenção e aumentar o risco de acidente, uma atitude que eu reprovo. Já o condutor que usa o twitter – sem estar dirigindo seu carro - e através do advento da internet de poder informar e estar informado em tempo real sobre o trânsito, alertando sobre uma obra na via, por exemplo, cria-se uma rede social mais humana onde as pessoas querem se ajudar para dar mais mobilidade no tráfego, esse é o lado bom do twitter.
Qual sugestão você teria para a melhoria do trânsito?
A base é a educação. Enquanto não houver educação para o trânsito e vontade política para educar a população nós viveremos nesse caos que já está instalado. Campanhas de conscientização em massa também são essenciais, através delas poderemos, aos poucos, mudar esse cenário. Quero ressaltar também que temos que ter uma engenharia de trânsito mais eficiente, é necessário ter pessoas qualificadas à frente do trânsito do Recife, profissionais especialistas no assunto, e o que se vê são medidas equivocadas que a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) vem tomando. A população não está satisfeita com a gestão do trânsito do Recife, isso é fato.
Você conhece a realidade do trânsito de vários países, entre eles França, Estados Unidos, México, Canadá, Portugal. Quais experiências trouxe dessas viagens?
A educação das pessoas realmente impressiona. No Canadá você pisa na faixa de pedestres e os carros param imediatamente, onde você vê isso acontecer no Recife? Em lugar nenhum! Outro ponto que me chamou atenção é a infraestrutura de países como a França, não tem como comparar o metrô de Paris com o daqui, a malha ferroviária é completamente diferente, as pessoas podem se locomover para todos os locais da cidade através do metrô. Desde 1957 os franceses vem investindo em educação para o trânsito, é fácil perceber que há uma diferença cultural absurda se compararmos com o Brasil. Já o México se parece muito com o Brasil, onde o trânsito é bem complicado e desorganizado. Lá também falta educação, e o trânsito é violento.